Educação Socioprofissional - A Caminho da Igualdade


Este blogefólio nasce no âmbito da Unidade Curricular de Técnicas de Animação de Grupo ministrada pelo Master Carlos Jorge De Sá Pinto Correia, do curso de Licenciatura em Educação Socioprofissional da Escola Superior de Educação Jean Piaget/Arcozelo. Contudo, na sua normalidade tudo o que nasce deve crescer e desenvolver-se, assim sendo este blogefólio tem vindo a crescer, agora ministrado pela Master Orquídea Campos, no âmbito da Unidade Curricular, Metodologias e Técnicas de Educação Gerais e Especiais II . O blogefólio tem como objetivos a partilha informações entre indivíduos de diferentes áreas geográficas, uma vez que pode ser visualizado em todas as regiões do Mundo, esta ferramenta permite dar mais visibilidade ao curso (Educação Socioprofissional), sendo também uma forma de mostrar o desenvolvimento do meu trabalho.

Todo este trabalho, enriquece-me pessoalmente e profissionalmente.

IGUALDADE NUM MUNDO GLOBALIZADO - Aldy Carvalho


“Um assunto que vem tomando vulto na sociedade contemporânea é a globalização. Discutem-se temas na busca de um ponto de equilíbrio para atender aos variados mecanismos da estrutura social, de modo a atingir conceitos e políticas sociais propiciando uma sociedade mais justa, igualitária e harmônica.
É difícil falar em igualdade quando vivemos num mundo tão desigual, excludente. Contudo, conforta-nos saber que atualmente o conceito de igualdade está ligado à idéia de justiça, onde o princípio de igualdade não se limita à igualdade perante a Lei, mas em garantir e proporcionar a cada cidadão oportunidades de alcance de objetivos. Não é o bastante o fato de a Lei declarar que somos todos iguais, é preciso propiciar subsídios para que essa igualdade se efetive.
Já atravessamos estágios terríveis de desigualdade. Em remotas eras, o estado de barbárie era a tônica evolutiva da sociedade, o forte estabelecia as leis, criando jurisdição de desigualdades em seu próprio favor, em detrimento do mais fraco. Na Idade Média a sociedade legitimava diferenças entre ricos e pobres, na pessoa do suserano e seus vassalos, que nada mais era do que o desdobramento do pensamento escravocrata. A Religião, criação psíquica do Homem em todas as épocas do desenvolvimento, nesse estágio legitimava tais práticas e criava princípios filosóficos que as sustentavam.
Jean Jacques Rousseau, filósofo iluminista, defendia que os homens eram iguais, pois pertenciam ao gênero humano, diferenciando-se apenas pelas condições físicas e intelectuais individuais, sendo que outros tipos de desigualdades deveriam ser rejeitados pela sociedade. Porém, esta noção individualista do princípio da igualdade, forjada no Estado liberal, não intervencionista, se mostrou ineficaz com o surgimento de um novo modelo estatal preocupado em reduzir as desigualdades sociais, econômicas, culturais e outras que signifiquem discriminações injustificadas.
A máxima revolucionária francesa, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ainda hoje não é mais que um conceito embrionário da realidade ideal que buscamos alcançar. A dialética hegeliana de que o esclarecimento seria a mola propulsora para a elevação da Humanidade dentro dos valores burgueses, em pouco tempo mostrou sua face odiosa e o sonho converteu-se em pesadelo. A igualdade era privilégio dos capitalistas, a fraternidade para os da mesma classe e a liberdade era o direito de explorar os seus semelhantes sempre que possível. Do ponto de vista platônico e aristotélico a igualdade, por ser matemática, é impossível nesse mundo sensível. Seres humanos são semelhantes, mas não iguais. Levando-se em conta nossa constituição física, somos iguais, uma vez que duas realidades são iguais quando cumprem todos os requisitos previamente definidos e sem exceções. Somos iguais na medida em que temos dois olhos, nariz, boca, dois braços, sentimos fome, sede, etc. Somos seres humanos, participantes da mesma espécie, portanto iguais. Mas também somos diferentes em vários aspectos, sobretudo, dependendo do campo e do contexto em que estivermos situados.
Somos diferentes quanto ao talento, capacidade criativa e outras habilidades individuais, mas na média somos iguais. Somos diferentes quanto às afetividades, necessidades idiossincrásicas, mas também na generalidade somos iguais na medida em que tendemos a agir de uma determinada maneira em situações similares (seja ou não cultural). Mas se temos tantas igualdades e semelhanças, por que razão insistimos em apontar as diferenças? Será o medo de alcançarmos a plenitude da igualdade e nos reconhecermos extensão do semelhante? Será a doutrina do capitalismo globalizado, que ora nos inebria, de tal forma que nos sentimos incapazes de sonhar, promover a realização de justiça social e igualdade entre as pessoas?
Nós, de todas as profissões, das artes das ciências, nós, cidadãos atuantes, pensadores, construtores do meio social, devemos buscar entender as transformações que a sociedade atravessa atualmente. As transformações se fazem rápidas, tão rápidas que nem nos damos conta. Essas mudanças alteram estruturas políticas, econômicas e sociais, estabelecem novos padrões de comportamentos, impostos por uma globalização padronizada, cavando mais fundo o abismo social, fruto do sistema capitalista moderno. Vivemos um amalgamar de tudo, num verdadeiro mundo sem fronteiras, imersos no que poderia ser uma “revolução da revolução”. Torna-se urgente produzir, porque é urgente consumir, suplantar as velhas indústrias, tecnologias, tudo pode, e deve ser comercializado, inclusive nossos mais íntimos sentimentos estão subjugados aos interesses do mercado. Talvez possamos nos sentir sós, porém não há mais espaços isolados, o mercado não permite nem quer, o mercado é uma nave supersônica, onipresente, criando necessidades para atender todas as necessidades. É a chamada nova ordem social cuja locomotiva é o capitalismo?
O capitalismo atual é uma fera de dentes afiados que estraçalha a sociedade anestesiada pelas informações aninhadas na linguagem subliminar de uma mídia a serviço do mercado que se impõe como um raio.
Se procuramos fugir do monstro, é ao seu encontro que caminhamos e ele, o monstro, vive de boca aberta, a garganta seca, o “zóio arregalado”, a nos espreitar.
Antítese do capitalismo, o socialismo se mostra ineficiente, uma vez que a História tem demonstrado a falência de suas propagandas. Conquanto seja ele a ordem de harmonia universal, consoante a lei e justiça de Deus, não poderá nunca ser implantado a ferro e fogo. E a política neoliberal? É aquela mascarada de princípios socialistas de libertação e progresso, mas promove o arrocho, espalha a pobreza, traça um limite entre os poucos privilegiados e a imensa massa dos excluídos sociais.
A humanidade tem-se mostrado selvagem desde seu princípio, porque é um processo natural de desenvolvimento, em que a princípio a natureza animal supera em larga escala a natureza espiritual. Porém, como somos todos, centelhas divinas do Grande Arquiteto do Universo, e temos em nós próprios a estrutura desse Universo, é preciso entender que somos co-participantes desse condomínio universal e, portanto, devemos laborar nossas rudezas, nos transformando moralmente, aprendendo a cultivar a leis de solidariedade e de Amor, para que possamos atingir a plenitude da vida. Esse é um trabalho de milênios no espírito, não se faz aos saltos, tão somente mirando as estrelas, mas sem conseguir desgrudar-se da terra. Tampouco, nos ofertando uma vida de prazeres no aqui e agora, na visão materialista, desconhecedores de nossa própria realidade de Espíritos a caminhar para as Luzes.
Esses questionamentos e considerações obrigam-nos a reflexões, que convertidas em ações, entendo, possam fazer valer o verdadeiro conceito do dístico “Liberdade, Igualdade e Fraternidade beneficiando todo o organismo social, ou seja, a Humanidade como um todo.”